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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Discurso do Sopro.

Pode ser que a chuva demore a passar
E que eu me canse antes mesmo de suar
E que o amanhã chegue tão rápido
Mas tão rápido que eu não consiga acompanhar.

Pode tudo ser tão claro
Que eu não possa ver
Pode ainda o silêncio me tomar
Sem antes eu entender.

Talvez eu nem precise entender
Nem ao menos duvidar
A certeza é que não existe certeza
A chuva expõe minha maior fraqueza
O medo de pensar
O medo de dormir
De acordar
De partir
Ficar
Fugir.

Eis aqui amigos
Os versos já escritos
Mas nunca lidos
Nem vistos
Apenas escritos.

Alguns amigos ficaram pra trás
E outros pagaram o preço por andar demais
Mas nunca souberam a verdade
Nunca conviveram em paz.

Nem Drummond nem Vinícius
Nem Clarice, nem Meirelles
Nem o Rei Luiz, nem Patativa
Nem um deles soube parar
Foram mestres em tudo o que fizeram
Foram reis que sempre irão reinar.

Meus versos são diversos
Alguns próximos dos próximos deles
Distantes em forma e razão
Mas tanto faz a poesia não precisa ter razão
Ela nasce por acaso, mas vive por amor
Um poeta sempre tem um grande amor
Que faça chuva ou faça sol
Um poeta sabe usar a dor.

Quem foram os grandes poetas?
E quem serão os grandes poetas?
Todo poeta é igual
Nem um é maior nem menor
Se eles escrevem a poesia
A poesia os escreve também
Antigamente os sábios eram loucos
E hoje são sombras de ninguém.

Eis amigos o esconderijo
Procure logo um abrigo
Por enquanto tem sol
Mas logo vem a chuva
E a visão vai ficar turva
Venha amigo, olhe a curva
Leia a placa, venha.



José Borges.

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