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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quero apenas sonhar.



Ainda é tão cedo pra levantar
O sol nem bateu na janela
O galo nem começou a cantar
Os pássaros ainda não cantaram
Porque é tão frio acordar,
E olhar o mundo em nossa volta
Tão mórbido sem coragem de lutar.

Ainda é pouca a saudade
E já começo a desejar outro lugar
Meu sono tranqüilo e maneiro
É o maior dos prêmios que posso ganhar
Meus lábios secos e gelados
Tiram-me a esperança de falar
Ainda é tão cedo e já cansei
Estou sem coragem para continuar.

Vou logo debruçar-me em teu peito
Porque o que mais quero é sonhar...


José Borges.
,

terça-feira, 29 de junho de 2010

Feito Lua.




Tem dias que nos somos apenas quem podemos ser
Que os sonhos mais pequenos, viram grandes ao amanhecer
Imaginando um futuro repetido
Mesmo tenso ou proibido
Mais que vai me acolher.

Tem dias que as nuvens estão baixas
E o vento corre lento
Calmo e lento feito a lua
Eu caminho pela rua
Pra entender meu pensamento.

Tem dias que o choro é comum
Mesmo sem motivo algum
Ele teima em aparecer

É nessas horas que eu vejo quem de verdade eu sou
Alguém que muda ou que mudou
Só pra de amor, não morrer.


Juan Patrick.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre o chão...



Se não fosse tão emérito meu suspense em torno de ti
Seria provável que bastasse apenas um tom de desejo.
Mas ainda que me façam os céus à terra molhada
Vejo que os guerreiros estão com medo de fugir.

Os perigos são inúmeros mesmo que ausentes à vitória
E as malhas sujas que levam ao abismo secreto
São pequenas gotas de sangue sobre meu corpo
Perdidas em torno de si, varias desconfianças.

Se não fossem minhas idéias putrefaças ao chão
Eu seria tão herói como era minha história
E ainda que meu suor seja levado sobre teu corpo
Eu nada serei senão tua última aventura desleixada.

Porém, nada será tão verdadeiro e único quanto meu beijo,
Que foi tratado como estranho ao ser anunciado
Meu instinto me fará impróprio assim como me fez presente.


José Borges.
,

Por onde vou...



Aprendi com o tempo
Que não devo negar favores
Aprendi que para tudo
Existem vários valores
Aprendi com o medo
Enfrentar meus temores.

Ensinei alguns passos
Mas não quiseram seguir
Ensinei umas histórias
Que não foram contribuir
Ensinei meus planos
E não fizeram existir.

Confessei uns segredos
Que não podia confessar
Confessei pecados
Muitos difíceis de perdoar
Confessei meus sonhos
Pr’eu não mais sonhar.

Criei minhas manias
Sem ninguém perceber
Criei uma máscara
Somente para me proteger
Criei meus espinhos
Para me afastar de você.

Fiz do teu sorriso
Meu choro inconsolável
Fiz do teu abraço
O lugar mais confiável
Fiz de mim um servo
Desse teu jeito maleável.

Já tive amigos
Difíceis de suportar
Já tive momentos
A ponto de estourar
Já passei por apuros
Que me nego a falar.

Fui herói e Deus
Ainda que só para mim
Fui escravo e fui rei
Vesti trapos e cetim
Fui passado e sou presente
Mas não conheço nenhum fim.

Escrevi poemas alegres
Mesmo estando triste
Escrevi poemas melódicos
Para alguém que não existe
Escrevi um poema morto
Na esperança que ele existisse.

Chorei vendo as estrelas
Irradiantes lá no céu
Chorei ouvindo os sussurros
Destes teus lábios de mel
Chorei ao ver a verdade
Que era amargo feito fel.

Terminei meus dias
Num lugar bem distante
Terminei minhas histórias
Sem saber o restante
Terminei com a noite
Minha eterna louca amante.


José Borges.
,

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Por você...



Se eu pudesse sair agora
Iria até Deus se fosse o caso
Ficaria de joelhos sobre espinhos
Faria o que precisasse,
Perdoaria meus inimigos
Aceitaria o perdão
Eu mudaria minha rotina
Meu jeito, meu olhar,
Eu perderia minha voz
Meus ouvidos
Eu deixaria o cálice
Eu perderia o cisma
Eu teria fé
Eu seria pó.

Tudo isso para que você
Fosse meu por um instante – se não por completo
Mas que ao menos tua essência
Fosse tatuada em meu espírito
Ou talvez teu gesto, fosse minha recordação,
Eu seria o mais alegre dos cegos
Se fosse você minha última visão.


José Borges.
,

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Buraco de rato.



Não é fácil olhar pro mundo e ver tanta coisa desigual
A sociedade ta calada pensando que tudo isso é normal
Está acomodada com o ‘bolsa’ ou outra esmola qualquer
O homem não trabalha só depende da mulher
A filha não estuda porque lhe agrediram na escola
E o filho ta na rua segurando uma pistola
E no final é mais uma família bastante feliz
Mesmo que seus risos estejam por um triz.

Sabe por que isso acontece a todo o momento?
É o povo que fica olhando pro céu esperando julgamento
Além do terror causado pelos nossos coronéis
Ainda ficam com essa historia de serem bons fieis
Andam em fila feito patinhas na lagoa
Seguindo o som da morte que bem longe ecoa
E é assim que o país avança cada vez mais
Fingindo não haver erro nem mentiras nos jornais.

Não me venham com esse discurso barato
Já conheço cada estrofe, cada buraco de rato,
Não é fácil ver tanta gente chorando
Enquanto uns riem, outras vão se acabando,
E os lideres onde estão pra salvar o povo?
Onde está à esperança de cada dia ser novo?
Já cansei de esperar e não ser atendido
Vou desligar a TV porque minha mente não é pinico.

Vamos mostrar a realidade da nossa família
De toda nossa família brasileira
Vamos mostrar o rosto sem pintura nem chapéu
É melhor cuidar de si de que cuidar do céu
Por que afinal, de que adianta preparar a cama,
Se ninguém vai deitar, deixe tudo virar zona,
O importante não é o A, B, C e D,
Se ligue que o mundo é você.


José Borges.
,

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Será o tempo?



Olha só pra ti
O que será que aconteceu?
Será o tempo?
Ou serão os olhos
Que envelheceram
Assim como os sonhos
Que morreram
Ou como as mãos
Que pararam
Talvez os pés
Que dobraram
Quem sabe o corpo
Que está cansado
Ou a alma
Que a muito vive ferida
Ou ainda a voz
Que se calou
Talvez os braços
Mesmos que fracos
Ou será o medo
Que em tudo vai
Talvez a coragem
Ainda que tímida
Talvez o peito
Mesmo que vazio
Olha só isso
Quanta ternura.


José Borges.
,

Entre o sol e o mar.



Já passou tanto tempo
Unindo o ontem e a manhã
Agora tudo parece certo
Na boa forma espiã.

Para frente um passo
A procura do que vem
Tirando onda do mar
Rindo do sol também
Inibindo os raios
Criando fantasmas
Kamikazes do além.


José Borges.
,

sábado, 19 de junho de 2010

Ainda que seja em vão...



Nasce quase morrendo amor
Porque não quero conviver contigo
Nem compartilhar lençóis.

Nasce assim como o instante
Que passa rápido e deixa marcas.

Vem e vai com a velocidade da luz
Pr´eu não sentir teu perfume
Mesmo que tua essência já esteja em mim.

Não quero ser apenas teu servo
Mesmo que muitas vezes eu precise de ti.

Nasce – amor bobo – e se despedace
Ou melhor, evapore como eu fiz,
Nasce ainda que seja em vão.

De qualquer maneira a pirâmide caiu
O passado amedrontado se escondeu
E as vozes que ti seduziam
Estão ecoando no universo sem rumo.

Nasce amor
Que a paixão está acabando
E você é o prato da vez...


José Borges.
,

sexta-feira, 18 de junho de 2010

...minha gente.



Se ligue ai minha gente
Nessa onda da informação
Tem produto sendo comprado
Sem ter nenhuma função
Mais o povo achou bonito
Porque passou na televisão.

A criança quando acorda
Vai logo ver TV
E os pais nem fiscalizam
Deixam a criança se entreter
E sabe lá meu Deus
O que ela poder ver.

E cresce absorvendo
Esse atraso cultural
Aprende tudo que não presta
E vai pra rua fazer o mau
Depois não adianta reclamar
Tava tudo isso no jornal.

E a situação complica
Quando vai outro imbecil
Solta bomba pelas ruas
Querendo guerra civil
Esse sim é mais um filho
Dessa puta mãe gentil.

Se ligue a minha gente
Vamos parar, por favor,
Não caíam nas ondinhas
Que saem do televisor
Pois o mar não se importa
Se é peixe ou pescador.

Vamos ter cuidado
Para não nos afogar
Só tem miolo de pote
Nessas convenções ‘mundiá’
Salve, salve natureza,
E quem vai nos salvar?

José Borges.
,

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sem parar...



Vai outra vez,
Buscando sempre aonde não chegar,
Com o pouco de tempo que lhe sobra
Vê se lembra de me ligar,
Vai outra vez sem demora
Como se nunca mais fosse voltar...
Lembre-se que o amanhã
Pertence somente que tem coragem de lutar
Não se omita frente à batalha
Nunca se sabe sem tentar.

Ainda que as sombras te cerquem
Elas não poderão lhe derrubar,
Se você já trilhou seu caminho
Vai outra vez
E nunca pense em parar...
Nesse jogo diário da vida
É obrigatório ganhar
Vai à busca do teu álveo,
Novo rio a passar...


José Borges.
,

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Como toda vida.



Quisera eu que tudo passasse
Assim como passa um simples mal estar
Quisera eu que as raízes póstumas
Não me fizessem tanto lembrar
Porque mesmo a hora passando
Sinto que essa dor não vai sanar,
Sinto até meus dedos dormentes
E as pernas bambas se entrelaçam
Sinto meus passos mais lentos
Avisando que logo tenho que parar
E insinuando também
Que não há nada para celebrar
Apenas as covas alinhadas
Esperando outra alma para roubar,
Quisera eu que na vida
Agente não precisasse amar...


José Borges.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Em certo mandamento.



A equivoco na carta escrita,
Nela está contida apenas memórias
Coisas invisíveis assim como os seios da noite
Ou como os cabelos do vento.

Dizem que ouve glória,
Mas os bons homens não viveram para celebrar
E hoje inventam tantas histórias
Que muitas vezes fica impossível não se acreditar,
E hoje com certeza os mortos celebram
A divina e infantil forma de amar.

Os rumores que as mulheres
Desconsideram seus maridos em todos os jornais,
Pobres escravos de si próprios
Obscuros pensamentos normais
Interromperam até a cerimônia
Pois alguém abriu a carta,
E cavalos voaram,
Céus caíram
E o despreparado, morreu.

E por séculos os anjos cantaram,
E pobres sem poder continuar mendigaram
E os profetas foram fazendo
Filas em prol da oração
E os filhos dos deles dormiam
Impróprios para escrever.

E os poetas bebiam as elegias do tempo
E comiam as veias de seus corpos,
Assim como a sombra da imagem
Estava posta no altar.


José Borges.


Ao amigo ‘Presente’.

Ele estava ali. Firme, frio e um pouco mal ajustado, mas estava em seu momento de glória, assim como eu estive um dia. Seus braços - que braços?- Segurava todo momento o peso insuportável do tempo. E por mais que fosse cansativo ele não reclamava, apenas resmungava baixinho, baixinho, como uma simples tartaruguinha grita sem ter voz ao seu devorada por terrível e necessitado jacaré calculista.

É de verdade eu vos digo; ele ainda estava ali mesmo após a chuva de ontem ter
encharcado todo o terreno. Mesmo em meio a tanta inquietação e instabilidade, ele estava ali com suas pernas, - que pernas?- nada parecia lhe atingir. Sua coragem era tão grande que mais parecia ser um universo perdido. Ele brilhava.

Por onde passava fazia valer sua veracidade. Sua calma era água em movimento, sua face eram flores recém brotadas – diversas-, e também, ele expôs suas carências. Ele era tudo o que tocava, mas ao mesmo tempo era levado facilmente pelo vento. E o que ele mais queria era realmente, entender o silêncio.

Ele estava ali, na minha frente com seu sorriso franco. Seus olhos me cegavam e me seduziam. Seus cabelos flutuavam com uma delicadeza jamais vista, nem citada.

E o silêncio assim como o verme que tira a esperança mesmo de uma carne já morta, estava em tudo, e era tudo. E ele ali gritando, nem sequer se ouvia. E os ventos passando, e cada vez mais passando.


José Borges.