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domingo, 30 de maio de 2010

Noites sem sono.





Agora que a noite chegou
O que me resta e deitar-me e fechar os olhos
Esperando o sono que custa a chegar
Vou esperar meus sonhos
Vou tentar esperar.

Mesmo no frio da madrugada
Vou manter-me quieto
Como o frio que me cerca
E congela meu futuro incerto.

E no silencio na noite
Minha dor fama mais alto
Assim choro em minha cama
A dor que vem do meu passado.

E agora que a noite chegou
Não tenho certezas concretas
Apenas noites sem sono
E muitas palavras incertas.


Juan Patrick.

sábado, 29 de maio de 2010

Tem dias...



Tem dias que agente se sente
Incompletos e carregados,
Tem dias que o céu parece ser
Nosso único santuário,
E tem dias que os amigos
Não estão ao nosso lado.

Tem dias que o dia
Passa tão rápido e cansado,
Que tem vezes que esqueço
Que eu sou desinformado,
E tem dias que os truques
Não me deixam magoado.

Tem dias que os pássaros
Voam alto e sem receio,
E tem dias que os falsos
Revelam sua verdadeira feição
Assim como a sombra
Que não se separa do chão.

Tem dias que o vento
Leva embora toda e qualquer mágoa,
Tem dias que a chuva
Lava e limpa tudo, inclusive a alma,
E tem dias que os abraços
São os remédios para a calma.

Tem dias que o medo
Bate na porta, sem pudor,
Tem dias tristes, calados,
Suaves suspiros, apenas dor.
Tem dias que a vida
Não se entende com o amor...


José Borges.
,

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Insólito.




José Borges.
,

O que pode ser mais perigoso?



Deus,
Divida comigo tua arrogância,
Não se esconda de mim
Sou apenas teu filho
Sou teu reflexo
Teu corpo
Tua alma,
Teu sonho mais complicado
Teu pesadelo mais suado
Sou teu paraíso imperfeito
E sou tua pedra no sapato.

Deus,
Larga-me em qualquer esquina
Jogue-me noutro ponto do universo
Sou o mais pecador dos pecados
E o mais tenebroso dos inversos
Sou teu sangue que jorra
Teu cálice em perdão
Teu santuário ponderado
Tua sombra sobre o chão
Sou o maior dos carnívoros
E não quero o teu pão.

Deus,
Não seja tendencioso
Se outrora me largou no mundo
O que pode ser mais perigoso?
Não preciso ser perdoado
Nem muito menos de atenção
O que eu quero não existe
Nessa tua cínica liquidação.
Venda teus escravos e barbeiros
Pra outro estilo de peão
Eu não sou do tipo crente
Não te pago prestação.

Deus,
Não precisa ser sábio pra saber
O que hoje é bonito e raro
Logo outro rascunho vai ser
E se ainda insiste com isso
É porque falta muito para aprender
Os homens inventaram regras
E todos têm que obedecer,
Já o teu carinho e tua bondade
Ninguém quer conhecer,
Perceba que tuas cobaias
Saíram idênticas a você;
Incertas e cercados de tolos
Que reis pensam em ser?

Deus,
Não é errado falar, escrever ou ditar,
O erro está na vida
Que muitos nem ligam se vai acabar
Porque de vida vive a vida
Pra morte nunca acordar...


José Borges.
,

Ultima palavra.





Deixe sozinha a ultima palavra
Deixe morrer o meu simples sentimento
Pois o que tirastes de mim
Falta-me a todo o momento
Respeite minhas ultimas palavras a ti ditas
Elas são meu juramento
Pois de tudo que vivi
Teu peito foi meu único relento
Que aquietava minha alma
E descansava meu pensamento
Mais agora estou voando
Flutuando com o vento
Procurando meu descanso
Pra esse eterno sofrimento
Pra que minha ida se transforme
Em um novo nascimento
E assim eu possa viver
Feliz, sem dor e sem lamento.


Juan Patrick.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Doce lua.




Doce lua, companheira
Aceite aqui o meu perdão
Não me abandone aqui sozinho
Não me deixe voltar pro chão.

Doce lua que me olha
Não me deixe mais chorar
Fique sempre do meu lado
Nunca esqueça de me amar.

Doce lua prateada
Que vive no céu e toca o mar
Estou morrendo por dentro
Só você pra me ajudar
Me leve logo pro teu mundo
Pra que eu possa descansar.


Juan Patrick.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Aos ouvidos da lua.



Ouve festa na lua
Quando os amantes se encontraram
E entre eles se mostrou um desejo
Que os deixaria desesperados,
No momento era tudo
Noutro tempo, era nada.

Caminharam os corações
Certo de não se enganarem
Destronaram a tristeza,
Diluíram a solidão,
Ficaram a noite inteira
Com o amor entre as mãos.

Fizeram o inevitável
Com uma força audaciosa,
Encantaram os ébrios
Que estavam pelas calçadas
Amaram-se como nunca
Antes na vida fossem amados.

E escorreu o suor pelo corpo
E foram os cabelos sobre o rosto
E ouve os beijos doces
Suaves como o sereno,
E era o universo
Naquele momento, pequeno.

E mesmo em dúvidas
Não se renderam ao silêncio,
Sussurraram aos ouvidos
E descobriram a magia,
Reinventaram a sutileza
E esbanjaram fantasia.

E terminaram abraçados
Sem hora pra falar,
Com a certeza que o certo
Ainda está pra se criar,
Só se interessavam pela lua
Na ânsia dela voltar.

E como de certeza
Logo entardece, e sol cai,
E a noite chega mansa e quieta,
E a lua novamente retorna
Para os amantes inconformados,
E o tempo passa despercebido
Como parte do programado.


José Borges.
,

domingo, 23 de maio de 2010

Saiba que o tempo passa.



Cuidado,
Nem todo caminho é certo,
Nem todo erro e perdoado
Nem toda façanha é bem feita
Nem toda piada é divertida
Nem toda historia é bem contada
Nem tudo é pra toda vida.

Se hoje é bom brincar
Saiba que o tempo passa
As pessoas mudam diariamente
E que nem toda hora é intervalo
Nem tudo pode se concertar
Se você não se cuidar
Teu cinismo pode lhe derrubar
Tua chance pode passar
E mesmo que você queira
Vai se tarde pra voltar
Aqueles que te amam
Pode não te perdoar.

Cuidado com o cigarro
Você pode se queimar
Cuidado com o ego
Você pode afundar
Cuidado com as flores
Você pode se encantar
E cuidado com bonzinhos
Eles podem lhe matar.

Vão destruir teus sonhos
E você não percebe
Levam-te para a cova
E você os bebe,
Engole as idéias
E os tolos pensamentos
E não vê que teu orgulho
Foi embora com o vento.

Nem todo filme tem sentido
Nem todo fim tem motivo
Nem toda água tem sede
Nem toda gente tem fome
Nem todo sangue é vermelho
Nem toda gente é verdadeira
Nem todo silêncio é medo
Nem toda traição é perdoada
Nem todo sonho é mentira
E nem toda glória é passada.


José Borges.
,

sábado, 22 de maio de 2010

Tanto faz.



Vão lágrimas,
Escorrem por este rosto cansado
Lava a cara de quem vive triste
Já não sei o que faço,
Se eu fico ou se passo.

Vai, lava minh'alma
Enriquece meu espelho de mágoas
Onde eu reflito as promessas
E me calo ao medo
E me faça de graça.

Sai agora pr´onde quiser
E não volte nunca mais
Nem me explique quem tu és
Hoje já sou triste, tanto faz,
Uma mentira sua
Mostra do que é capaz.

Vão lágrimas silenciosas
Não despertem os guardas
Saiam vagamente pela noite
E não me procurem depois
Porque a cada minuto
Divido-me em dois.

José Borges.
,

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Curto momento



Amor de momentos
E eternos sentimentos
Ficam a pairar
Em torno da areia
Em busca do mar
Navegando ao silêncio
Estranho não naufragar
E outro caminho se abre
Nas ondas frias a somar.

Enterros de sonhos
Multidões a acreditar
Horas querendo fama
Pra outro amor não reclamar
E mudando a mente
Refazendo gente
Sem medo de errar
Trilhando incertezas
Que pode falhar.

Ao certo sabido
Que a verdade atrasa
E fazem de tudo
Contas não paga
E vão falando
Bobagens assim
Desejando o mal
A quem deu o sim
Moldando maquetes
Que não cabem em mim.

E enrolam-se os tolos
Que a idiotice é barata
Compra-se de graça
E se ganha de troco
Bebem mesmices
Engolem recados
Muralhas de papel
Restos aos bocados
Simples brinquedos
Fáceis moldados.

Curto momento
Estranho ciúme
Que corta meu corpo
Apodera-se da alma
Destroem defesas
Estilhaçam vidraças
Embriagam-se comigo
E me dão certa calma
O que já foi um dia
Não passa de madrugada.

Poderoso amor árduo
Que exala um perfume hostil
O que faz com os segredos
De quem não se conhece
E o que fazes de mim?
Sou apenas uma criança
Perdida no cinismo
Colhendo flores no jardim.


José Borges.
,

Está comigo...



Ah, meu doce amor,
Meu desejo, meu ciúme,
Meu meigo beija-flor
Porque me confunde
Se não é meu protetor?

Meu silêncio, meu verão,
Minha noite, meu prazer,
Minha estrela da manhã
Por onde anda você?

Meu medo, meu dia,
Buraco negro sem fundo
Se eu não sou o teu astro
Quem será o teu mundo?

Paixão, minha paixão,
A solidão é tão grande
Que nem o silêncio está comigo
Mas e daí, nem ligo...
O resto é ilusão.


José Borges.
,

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mercadoria cultural.



Peço licença aos poetas/
Que aqui deixam seus recados/
Para entrar nessa budega/
E fazer parte desse recanto/
Quero dizer que poesia é vida/
Vida essa que nos traz alegria/
E nesse canto bem cuidado/
Todos têm um espaço/
Já que o mundo ta virado/
O tempo continua passando/
O povo cada vez mais sangrando/
Precisamos incentivar nossa cultura/
Mudar nossa postura/
Ver além do que nos é mostrado/
Duvidar do que parece ser certo/
A vida anda a tombos/
Os poderes vivem de escândalos/
Mas no sertão agente sabe/
Que quem faz o mal também recebe uma parte/
E assim a vida anda nessa terra/
Nossa terra seca mais humilde /
Nossa gente sofre mais não esquece/
Do tudo que nos é tirado/
Um dia o Brasil será salvo/
Nos braços do nordeste que hoje é desprezado. /


José Borges.
,

domingo, 16 de maio de 2010

Estranho predador.

Com tantos poemas já escritos
E muitos ainda para escrever
Faço e refaço os planos e sonhos
E por mais que eu tente
Parece que não consigo entender
Os motivos pelos quais
Fico distante de você.

Com minhas lágrimas
Encho um oceano de tristeza
E navego em meio ao passado
Buscando quem sabe algum sobrevivente
Alguma sobra de pecado
E sigo em meio ao silêncio
De braços dados com o medo
Pois posso encontrar o indesejado.

Com meu sangue
Desenho os nossos nomes nas pedras
Mesmo sabendo que com o tempo irá sumir
E vou deslizando até formar um circulo
Onde tudo de mágico pode existir
E com isso o tempo passa
Só não passa o bastante
Para que me faça desistir.

E com o meu amor
Escrevo e leio os dias que continuam
Mesmo querendo ir além,
E as horas passam ainda que tristes
Parecem entenderem minha dor
E vou me deslizando pelo tempo
Voando feito um condor
Na esperança de não encontrar
Algum estranho predador.

E com meu silêncio
Vou embriagado pelas calçadas
Mendigando um abraço amigo
Sonhando com dias melhores
Quem sabe com menos perigo
Pois há muito tempo ando sem rumo
Procurando alguém que me sirva de abrigo.


José Borges.
,

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ausência.



Quando se cansarem os amantes
E não mais estiverem enlouquecidos
Pela fome de ousadia e pelo ódio em carne,
Irão sentir ligeiramente um vazio
Sentirão a falta de alguma coisa ainda que morna
E lhes ocorrerá o medo de morrerem a sós.

Apenas vagas estrelas no universo
Resíduos de amores e amores em começo.

Será a face do último quadro;
O sabor do último beijo ainda que frio
A saudade do último brilho no olhar
O silêncio do último poema
E a dor pela ausência
De motivos que lhes façam sonhar...


José Borges.
,

terça-feira, 11 de maio de 2010

As estrelas nunca se apagam...



Hora somos tão grandes que temos a impressão de não cabermos no universo
Hora somos tão pequenos que nos encantamos com a formação dos seres
Hora temos a necessidade de buscar sempre o máximo de poder e sabedoria
Hora percebemos que não pertencemos nem a nós mesmos e que não sabemos de nada
Hora ficamos inquietos com os problemas que existem no mundo
Hora nos escondemos da responsabilidade que temos de cuidar dos nossos irmãos
Hora estamos felizes com qualquer gol marcado e ou qualquer resultado eleitoral
Hora somos obrigados a engolir derrotas e mostrar nossa vergonha em público
Hora negamos a nós mesmos em algumas situações porque tememos os outros
Hora ignoramos tudo e a todos só porque precisamos de um pouco de felicidade pura
Hora somos tão vivos como se não notássemos nossa energia acabando
Hora somos tão desnecessários para nós mesmos que preferimos não existir
Hora somos tão essências para certas pessoas que nos acompanham
Hora somos tão ridículos e cometemos injustiças que não terão perdão
Hora somos domesticados e acabamos servindo de piada para qualquer outro palhaço
Hora somos eternos como o brilho das estrelas que nunca se apagam
Hora somos tão simples que podemos sumir em questão de segundos
Hora somos irredutíveis perante as males que a vida nos oferece
Hora temos segredos que acabam com nossas defesas e nos entregam ao mundo
Hora somos poetas e escritores completamente aborrecidos por paixões
E tem hora que somos apenas simples humanos que sofrem por diferentes razões.


José Borges.
,

Gente que é gente.

Os animais estão aqui
Prontos para agir,
Mas não podem sentir
Nem podem sorrir.

Pois são programados
São homens fardados
Vestidos de Cinderela
Homens escravos...
Dessa máquina poderosa
Dessa face orgulhosa
Dessa lei promulgada
Dessa ordem vomitada
Que serve de sustento
Para esses jumentos
Que usam cabrestos
E não se olham no espelho
Para enxergarem o que são
Ou o que apenas mostra
O que cabe numa revelação.

São animais dementes
Ou homens sem serem gente,
Pois gente que é gente
Não se humilha a outra gente...


José Borges.
Escrito no dia 14 de janeiro de 2009.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Amigo.



Volte ao passado
E imagine como era o mundo
Como eram as crianças
Imagina que seu egoísmo
Logo se desfaz enquanto você dorme
Pense que as poucas palavras
Mesmas ditas em confissão
Serão teus escudos de guerra
E que nenhuma guerra é em vão.

Volte ao momento certo
Em que eu te machuquei
Na hora certa em que eu calei
Fiz-me de tolo, por não entender,
Que as borboletas não dançam
Apenas buscam o movimento como sobrevivência
Passeiam sobre nossa cabeça
Como as estrelas assistem ao sol nascer,
Pálidas, esperançosas assim como você.

Não grite para o mundo
Ele é estúpido demais para lhe entender,
Não vê o que ele fez com teus sonhos
Os destruiu, assim como a anda destrói um castelo de areia,
Veja as crianças correndo sobre corpos
Tão idênticos as seus pais, avos, tios, mães,
Sonhos destruídos apenas pelo interesse
Pela falta de amor nos corações.

Espere meu amigo
Que seu dia vai chegar
Não acredites nos imbecis que lhe cercam
Eles apenas querem roubar tua alma
Vender o teu orgulho e estraçalhar o amor que tu guardas no peito,
Vá com a delicadeza de uma simples planta que nasce
E cresça perante aos que não lhe dão respeito
Seja flexível, pois só assim saberás com quem andas,
Mas nunca, nunca deixe a essência do teu sujeito.

Volte amigo
E abrace tua namorada que ficou para trás
Abraça tua família tua casa
Sinta de novo a inocência de um beijo as escondidas,
Vá busque teus velhos segredos e teus desejos,
Deixa-se envolver pelo suave vento da brisa
E quando encontrar teu lugar de antes
Não esqueça de ir visitar os teus amigos
Mesmos que poucos, chatos, e loucos,
Ainda se recordam daqueles sonhos antigos...


José Borges.
,

sábado, 8 de maio de 2010

Isso que é paixão.



Queria muito me jogar em teus braços
Sem nem um receio, sem preocupação,
E navegar minha mão pelo teu corpo
Fazer loucuras, desfrutar a paixão,
E incomodar a vontade alheia
Sem dar qualquer satisfação
Porque minha fantasia é certa
Tão certa quanta essa conclusão:

Nem os bons homens
Nem mesmos as boas mulheres
O que é desejo não pode ser impeço
É vulcão que não se acalma
É tempestade que não passa
É terremoto que abala
É solidão que não se afasta.

O calor de teu corpo
E o doce cheiro do teu perfume
Faz-me imaginar coisas surreais
O volume do teu corpo e do teu sorriso
Isso me deixa, me deixa querendo mais,
Querendo ir além da matéria viva
Chegar ao ponto mais sensível da tua alma
Desvendar os segredos do teu cinismo
E nos momentos mais difíceis, dizer: tenha calma.

Quando meu fervor atingir os limites
Vou pedir para que você me acompanhe
E juntos atravessaremos os oceanos glaciais
Mergulharemos-nos mais profundos vazios,
E quando eu estiver cansado você vai querer ir mais
E quando alguém chegar a perguntar pela tristeza
Nós dois responderemos: ficou para trás...



José Borges.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O silêncio.



O silêncio que tudo diz
É o barulho que lhe chateia
Por que você não percebe
Que tua bola ta cheia
E que o mundo fica esperando
Você cair na sua teia.

A voz que fica ausente
Mesmo que tímida e fraca
Não está morta,
Apenas ferida,
Não perdeu a essência
Nem desistiu da vida.

O silêncio que é semeado
Germina porque é cuidado
E cresce sempre porque é regado,
Cria galhos,
Espalha-se e floresce
E de vez enquanto é cortado.

O silêncio dá frutos
Às vezes bons
Outras vezes ruins,
E novamente as sementes
São jogados no jardim
Pra quem sabe outro silêncio
Dê inicio a outro fim...


José Borges.
,

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A formiga e os sonhos.

...é verdade que a noite passa e agente nem nota. Estamos detraídos demais aproveitando os rápidos sonhos que temos, tão rápidos que se não formos espertos perderemos eles de vista. Os sonhos, o que pode dizer uma simples formiga sobre os sonhos? Talvez nada, mas é só talvez.
Pobre formiga, tão ingênua e frágil, mas não menos importante. Passa os dias e as noites cortando folhas para manter-se viva, assim como seus parentes. Podres sonhos, que confundem a mente e a razão de tão pequenos seres, que chegam a desconhecer até suas próprias vontades. E a noite vem, passa e num quer nem saber. Tanto faz que chova, ou que falte água. Noite que maltrata os sonhos, e as formigas, e me deixa a cada momento mais dispersado. Pura formiga que não conhece outra função se não a de servir, e de progredir.
São assim os grandes formigueiros de aço, são assim as noites, são esses os sonhos...


José Borges.
,

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ilustrado.



Eu hoje encontrei um velho livro
Antigo, todo rabiscado e cortado,
Também lhe faltavam algumas páginas
Mas era meu antigo livro ilustrado.

Nele encontrei umas lembranças
Alguns rabiscos feitos sem querer
Encontrei também esperanças
De que nem tudo deve morrer
A vida continua além dos céus
E não é a gente quem vai decidir
Se o mundo acaba hoje
Ou se ainda a muita coisa pra vir.

Além dos preconceitos e conceitos gerais
Existe um mistério a se resolver
Um segredo que atormente e mata
E que para muitos é a razão de viver
A magia dos magos e fadas nos bares
Encanta coisas simples como você
Disfarça o drama vivido por todos
Faz quem já morreu querer nascer.

Eu hoje abri meu livro
Para lembrar e para escrever
Coloquei algumas figurinhas novas,
E outras que logo vão esquecer
Eu hoje dormi em plena rua
Esperando alguma coisa acontecer
Mas a vida continua a mesma
Invisível como não poderia deixar de ser.

José Borges.
,

Contemplando a solidão

O que acontece com o amor
Que de tão intenso se torna raro
O buscamos tanto, e com tanto fervor
Procuramos ignorando ate a dor
E no final pagamos um preço muito caro.

Pagamos por cultivar carinho
Procurar felicidade pro coração
Pra isso esquecemos sonhos
E muitas vezes isso é em vão
Pois terminamos sozinhos
Contemplando a solidão.

Por isso somos tão frágeis
Tão vulneráveis e fáceis de enganar
Pois somos feitos de pilares
E se uma coluna tombar
Viramos apenas ruínas
Que caíram por tentar amar.



Juan Patrick.

domingo, 2 de maio de 2010

Sei.



Eu sei que não é assim
Eu sei que o amanhã será diferente
Quem sabe não seja tão ruim
Eu sei que a noite será longa
Tão grande que não cabe dentro de mim.

Eu sei que os livros não voarão
Nem as estrelas passearão pela praia
Nem as pedras cantarão
Eu sei que o vento não aparecerá
Com uma triste na televisão.

Eu sei que a comédia existe
E que a morte vive em cada suspiro
Eu sei que a dor ainda persiste
Mesmo sabendo que tudo passará
Mesmo assim eu ainda estou triste.

Eu sei que a chuva ainda vem
E mudará toda essa situação
Vai fazer nascer vida no além
Perto das fontes mais puras
E que não vai servir pra ninguém.

É, eu sei...


José Borges.
,