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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Alguma coisa me levou.



Eu que muitas vezes me achei satisfeito com algumas palavras,
agora nem mesmo com um turbilhão de novas cruzadas me sinto completo.

Por vezes duvidei da certeza de Deus e de seus milagres
hoje não sei encontrar outra explicação para tudo se não Ele.

Eu que já deixei de fazer aquilo que realmente queria e tive medo,
hoje não posso fazer nem o mais simples dos desejos.
Inocente, desafiei as leis do mundo astrológico
e agora não encontro mais ilusão nem nas poucas estrelas que vejo.

Eu que amei tão pouco
agora não amo nada.
Eu que não acreditava nas promessas de alguns amigos,
hoje vejo que eu estava certo e eles não estão aqui comigo, alguma coisa os levou.

Eu que sozinho em meu quarto escrevi vários poemas sobre quase tudo,
esqueci de escrever um que retratasse minha tristeza verdadeira.
Eu que para muitos era um grande homem com muitos sonhos,
não era nada mais que um moleque querendo sua infância de volta.

Eu que fui corajoso até demais para demonstrar meus erros políticos
não tive um resto de coragem sequer para enfrentar meus medos ocultos.
Eu, somente eu, sei que ninguém mais além de mim foi tão imperfeito para comigo mesmo.

Eu que estive ao lado de pessoas que tanto amei
nunca disse que as amava, e elas se foram, e se vão de mim a cada dia...

Eu sorria dos que choravam desesperados
pois nem sabiam a razão por suas lágrimas, e hoje
não faço outra coisa, se não chorar por razões que finjo não entender.



José Borges Neto.
,

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Poemas.



Cada poema que faço
é como um filho bastardo,
moleque estúpido, podre.

Cada poema que nasce
é como criança inocente,
vitima de uma paixão cruel.

Cada poema que faço
é um órfão de Deus,
símbolo misericordioso.

E desses poemas
já conheci todos eles, já os fiz.

Os fiz:
Belos (céu estrelado)
Trágicos (suicídio de Deus)
Alegres (bêbados em bares)
Românticos (você e eu)
Tristes (chegada, partida)
e outros que não completei...

Cada poema que faço
fede de medo,
arde de fogo.

Cada poema que faço
me lembra outro que fiz,
e torno a fazê-lo de novo.

Cada poema que faço
é apenas poema, nada mais.


José Borges Neto.
,

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Corpos novos ou Memórias de um sobrevivente.



Garrafas vazias sobre a mesa
alertam-me para uma guerra,
dizem muito mais que palavras
e ardem muito mais que brasa,
inundam os devaneios de loucuras
assim como aceleram o coração embriagado.

Garrafas, copos, talheres sobre o pano de mesa
me lembram a noite passada
e todos os seus doces sabores.

Cansado, percebo os poucos que ainda vivem.
corpos espalhados pela noite
em busca de um seio
que não seja fonte de pecado.

Corpos e mais corpos encilhados,
amontoados uns sobre os outros.

A fome se alastra, assim como peste em lavoura.
A água falta, assim como beijos da pessoa amada.
A violência aumenta, assim como mentiras em jornais.

Garrafas vazias me lembram amigos,
conversas, jogos, músicas, besteiras...
Preenchem-me rapidamente
e quando vejo,
já estou cheio delas.

Garrafas me tocam, me ferem.
Sonhos me chegam, se partem.
Beijos me faltam, me secam.
Amores me negam e me silenciam.

No horizonte apenas a certeza
que tudo passa,
e por estes caminhos secos e espinhentos
vou me espojando, ainda que não queira.
E a sede me seca. A vida me leva
preso e desesperado,
sem vontades ou desejos.

Termina o dia, e o sino toca seu último refrão.
As torres padecem, os mortos diluem-se putrefatos,
assim como fumaça ao vento.

E não sei, outra coisa nasce...


José Borges Neto.
,

sábado, 21 de agosto de 2010

Mandamentos.



Que ninguém se culpe pelos erros dos outros
pois não há estupidez maior que entregar-se de tal maneira
para quem quer que seja,
para quem não conhece e nem valoriza o que se tem.
E que ninguém aceite facilmente pedido de desculpas
já que a culpa é sempre maior.

Que a fé seja instrumento apenas do bem
e que não banalizem a imagem de Deus.
Que saibam amar as pequenas coisas da vida
e que não mintam(a não ser por um bom motivo).
Mas que busquem o conforto para os aflitos
assim como:
água para os sedentos e mascara para os envergonhados,
cura para os enfermos e a redenção dos pecados
coragem para os fracos e calma aos apressados
tempo aos loucos e amigo aos desesperados.

Que em cada esquina seja posto um farol
pra ninguém se perca.
E que os pássaros
possam ser livres e voar assim como os pensamentos.
Que criança alguma perca seu direito de ser criança
e que os velhos possam - ainda que tarde - serem também.
que as pessoas aprendam a amar seus sonhos
que são de alguma forma, as únicas coisas não corroídas pelo egoísmo.

Que o belo e o feio nunca se separem
pois ambos são essências puras.

Que a música e a poesia nunca se separem
e que continuem aliviando mentes e corações
assim como faz a amizade.
Mas que seja preciso entender as estrelas que não brilham,
elas com certeza precisam de um pouco mais de atenção.

Que ninguém mude sem antes saber onde errou
pois se tornará um fraco objeto.
E que ninguém, ninguém mesmo
deboche desse novo velho mundo.

José Borges Neto.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vou-não.



Mesmo que hoje não seja
um dia tão especial
vou cantar aos rios, risos,
e a outros carnavais

vou disfarçar minha dor
em cada instante que te ver
vou virar o rosto
sempre que te encontrar
vou amputar meus dedos
pra não mais te escrever
vou engolir minhas palavras
não tenho nada a dizer.

José Borges Neto.
,

Desespero.



Tente ver todo o nosso medo
nossa agonia desesperada,
e veja nossos olhos, perdidos.
Nossa alegria é mentirosa
como discursos políticos

Ou se não nossas conversas
bobas, incomuns, viagens e mais.
Tente ver em cada gesto
um ponto de partida
um chamado desnecessário

Ou uma aventura desejada
e que não passa de um sonho
impossível de se realizar,
tente enxergar outras vidas
como são belas a passar
e nós apenas as olhamos
não temos coragem de lutar.

Ah, coração inútil a bater,
porque não descansa um pouco
nem que seja a primeira
e a última vez.
porque não ama a si mesmo
para não correr risco de sofrer.

Se hoje está assim ferido
é que não soube entender
os mistérios do mundo
que são muitos a se dizer...


José Borges Neto.
,

Olha a pedra solidão.



Tão certo quanto duvidar, estar contigo e ainda assim não acreditar
Que aquele mundo já se foi, que aquilo tudo já passou,
É difícil suportar a ausência de nossa paixão
Assim como é impossível imaginar o céu sem estrelas.

Não encontro forças quando penso em cada segundo perdido
E quando passam os turbilhões, me divirto com teus pedaços
Que são as únicas coisas boas que me restam...

E ainda que você não saiba, eu convivo com uma dor,
Disfarço a cada dia meus sentimentos e assim vou
Fingindo que você em algum momento pode ser meu
Querendo voar alto, tão alto onde nada nos incomodara,
Mas sempre a verdade me chega, me fere e diz,
Que eu nunca serei um campeão, e você é apenas um sonho.

E a vida me leva de carona e me distrai pr’eu não perceber
Que de fato sua ausência é cada instante mais real
E cada momento que passa é como se fosse eterno
E vou, ainda sem saber por que, mas vou...

Tão certo quanto minha tristeza, é te olhar distante
E sentir meu corpo em chamas e meu olhar glacial
Tenho na mente apenas um impulso, querendo falar,
Mas o medo é maior, e me faz calar...

Hoje não somos mais que um raio dispersado no universo
Perdidos sem coragem de lutar alheios ao amor,
Hoje não somos mais que piadas sem graça
Ou como qualquer pedra em algum caminho
Na esperança de alguém tropeçar...


José Borges Neto.
,

Num instante a tarde.



Vejam só a tarde deslumbrando o seu véu
Sobre minhas mágoas em claro
A tarde que já foi palco de inúmeros encontros
Hoje não passa de um símbolo de dor e solidão.

Vejam só as cortinas se fechando
E um por um, saem de cena.
Já não existe ninguém para aplaudir
Sintam agora o desprezo indizível
Abracem somente as sombras que lhes restam.

Aquilo que mais era celebrado, aplaudido
E cantado em todas as canções,
Agora quando a tarde chegou
Simplesmente não existe mais...

Vejam só os dizeres dos astros
É por eles que somos tão iguais
Mas somente por eles, outra coisa não.

Hoje a tarde já não é tão delicada
Nem os gemidos são verdadeiros
Tudo parece ser farsa, menos meu silêncio.

Ainda que tanta mágoa perpetue-se
Permanecerei impávido como um colosso imortal
Porque não deixarei que nossa ingenuidade
Comprometa nosso resto de destino.

Vejam só essa noite que impõem-se
Tão comum a tantas outras,
Único instante que se passa
Engrandece a eternidade.


José Borges Neto.
,

Longe de mim.



Imenso mar
intenso suspiro

mágoas sem fim
o que tenho ainda

nada de certo
longe de mim.

horizonte amigo
que me leva daqui

saudade
forte bem querer

amor
enorme clichê.


José Borges Neto.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dessencontro...



Foi bom te ver aqui, precisamos conversar,
Foi bom te encontrar por acaso, sem notar,
Foi bom você dizer “oi”, foi bom parar.

Tava meio sem jeito, sem forma ou lugar.
Tive estressado, precisando desabafar.
Tava duvidando, ainda tô sem acreditar.
Tive certezas, que não posso revelar...

Mas foi bom sentir medo, fez valer.
Tudo bem, foi bom aquele encontro,
Mesmo a vida passando sem agente perceber.

Quando agente pensa que sabe
Tudo muda de forma e condensação
Quando agente descobre algo novo
Tudo muda sem nenhuma explicação.

Foi bom escutar mais uma vez os pássaros.
Foi bom silenciar-se ao seu lado, ausente.
Foi bom sentir o vento arrebatar nosso ego.
Foi bom ver sua face nua, mesmo que carente.

E quando a torce sumir, a dor passar,
Quando a morte chegar, inesperada,
E quando a amanhã se mostrar
Quem sorrirá, quem agora?

Quando a voz for tão mansa e morna
Que nem um perdão possa ser pedido,
Quem gritará pela alma o gemido final
Quem enfrentará os provérbios do mal?

Foi bom abrir o velho livro de versos.
Foi bom conversar, ainda que sozinho.
Foi bom dormir efêmero, foi bom caminho...


José Borges.
,

domingo, 8 de agosto de 2010

Vamos disfarçados...




Vamos celebrar nossa arrogância, vamos beber bobagens,
Cantar as piores canções, contar as maiores mentiras,
Disfarçar nosso egoísmo, disfarçar nosso cinismo.

Vamos engolir nossos erros, vamos gemer de dor,
Reclamar sem razão, reclamar tudo sem motivos,
Duvidar do certo, duvidar da nossa situação.

Acreditar nas promessas, crer sem titubear,
Vamos aceitar nossa condição, aceitar tudo,
É preciso seguir em frente, é preciso partir.

Vamos deixar de lado o fascínio, vamos crescer,
Sem receio de cair, sem medo de correr,
Vamos deixar que os outros morram, vamos sim.

Não precisamos provar, não somos ninguém,
Se for fácil voar, se for urgente gritar,
Vamos depressa alto, vamos longe dizer;
Pode ser pra sempre, pode ser instante.

Vamos sem demora, vamos ver o tempo passar,
Vamos embora de vez, vamos outra vez,
Deixe cada estrela no seu lugar, deixe o céu.

Ninguém tem culpa e ninguém pode nos salvar,
Devemos ter forças o suficiente, devemos orar,
Vamos escrever nossa história, vamos sonhar...


José Borges.
,

Boas recordações.






Lembro-me de boas historias
Do meu velho amigo irmão
Que nunca saiu do meu lado
E que sempre me deu a mão
Por isso te guardo no peito
E a ti dou o respeito
Do meu simples coração.

Historias contamos juntos
Em poesias ou canções
Voamos nos pensamentos
Sem pára-quedas ou aviões
Desbravamos muitos mares
Sem motores ou embarcações
Por isso tua amizade me traz
Muitas e boas recordações.



Juan Patrick.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Meu amor desejado.



Você pede pra eu não me importar
Joga o rosto de lado, finge não me ver,
Você passa de cabeça baixa e sorrindo
Fazendo um joguinho pra me convencer
E por mais que eu resista, não sei,
Algo sempre me leva a você.

Meu amor, meu pecado,
Meu bem, meu mal,
Meu capricho
Meu animal.

Você pede que eu deixe de lado
Tudo que quis, e tudo que sonhei,
Mas não sabe o quanto foi difícil
Carregar esse amor e tudo que passei,
Você não conhece meu sangue
Nem as lágrimas que chorei.

Meu ciúme, meu sol,
Meu servo, meu rei,
Meu crime, meu ar.
Meu mundo sem lei.

Minha canção de amor quebrada
Meu poema que não se completou
Meu verso triste e borrado
Meu beijo perdido que você achou
Meu desejo mais que desejado
Meu silêncio que tudo lhe ensinou.

Meu porre, meu enjôo,
Meu prazer, meu tesão,
Meu fogo, meu sim.
Meu não...


José Borges.
,