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terça-feira, 20 de abril de 2010

Minha infância morreu adulta.



É, hoje sinto saudades daquele quintal,
Sinto vontade de voltar a ser criança
Correr, brincar, chorar sem motivos,
Se machucar, cair e levantar.
Eram tão doces minhas loucuras
Tão passageiras minhas dúvidas,
E tudo ficou por lá
Embaixo de algum caco de vidro
Ou enterrado no pé da cerca
Minha infância morreu adulta
E eu nem pude fazer uma despedida.

Lembro-me que eu era pequeno
Nem me importava com identidade
Que tolo. Eu era criança, que feliz.
Que doce era minha esperança
Que assim como meus sonhos se desfez
Restando-me o dever de juntar os cacos
Os reuni todos num saco, e foi pro lixo,
E de lixo é meu presente
E de sombras é meu passado
E de restos é meu futuro.

Que nojo me dá quando acordo
Olho pela janela, e não estou onde nasci,
Cercado de robôs piratas
Inserido num sistema falido
Convivendo com marionetes
E me refletindo no trágico espelho que vi
Sinto que meu quintal está mudado
Pestes humanas se espalharam.
E a vida passa arrastada, leve e sombria,
E a morte fica ali, esperando o seu dia.


José Borges.
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