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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Carta poética.



Escrevo em nome de minha loucura
Para dizer o que nunca disse antes,
Pois esse mal nunca terá cura
Nem ao menos passará num estante
Escrevo para os oceanos
Que fiz enquanto sonhava
Escrevo também para ti lua
Que quase sempre me acompanhava.

Escrevo em nome da tristeza
Por que ela não mais existe,
Hoje só resta um tipo de fraqueza
E é aquela que ninguém conhece
Pois os caminhos são incertos
E a razão não é suficiente.
Escrevo para os anjos
Que me guardam nesse momento
E peço perdão a Deus
Por eu não ter um bom pensamento.

Escrevo para os meus amigos
Como se já quisesse me despedir,
E escrevo para os meus inimigos
Como se eu nunca fosse partir,
Logo todos não me interessam
Nem chegam a me satisfazer
Porque eu escrevo é para as estrelas
Que estão longe, e mal não podem fazer,
São puras e ingênuas como crianças
Figuras de álbuns coloridos
Bússolas, amuletos perdidos,
Coisas simples, difíceis de entender.

Escrevo essa carta para os vermes
Porque um dia eu farei parte deles,
Ao vento eu escrevo dizendo saudades
E aos Santos escrevo em forma de prece
Pois não tive fé para minhas dificuldades
Nem tive como reagir diante a queda.
Escrevo ao universo pedindo esmolas
Uma migalha de consolação
Escrevo aos planetas pedindo abrigo
Escrevo ao nada, ao coração.

Escrevo para as trevas
Que muitas vezes me serviam de guia,
Porque hoje não preciso de feras
Sou meu escudo e minha alegria,
Assim escrevo para a luz
Em função de quem sabe encontra-la
E deitar ao lado dela, ao calor,
Passar horas como se não quisesse nada
Sabendo que ali eu não sentiria dor.

Escrevo ao desespero e digo que sossegue
Porque amanhã tudo volta ao normal,
Escrevo ao medo e digo que demore
Porque quero aproveitar esse vazio
Sei que isso é ruim, não faz mal.

Já foi silêncio, grito, agonia,
Loucura, vergonha, temor,
Fui segredo, coragem, alegria,
Já fui profeta, poeta e sonhador,
Hoje sou apenas um passageiro
Nesse velho trem a vapor.


José Borges.
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