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quarta-feira, 29 de julho de 2009

DIÁLOGO DE SONHOS

Um dia sentado na beira da estrada
Com os pés cheios de bolhas de tanto caminhar
Vi passar, um velho com um saco na mão, no ombro uma enxada,
O velho perguntou-me: o que fazes aqui nesse lugar?
Eu disse: meu velho, meu pés não me deixam mais andar,
Decide parar perto dessa árvore até o asfalto esfriar
Pois venho de muito longe e não sei onde vou chegar.

O velho sentou a meu lado
Colocou a saco e a enxada no chão,
E disse: jovem eu também já andei nesse asfalto,
Caminhei muitas tardes sobre esse chão quente do sertão,
Mas hoje descobri outra forma de viver sem precisar ser desprezado
Hoje vivo somente assim, não preciso traçar direção,
Meu mundo é meu caminho
Meus sonhos, minha razão.

Então eu logo fiquei pensando o quanto aquele velho era louco
Dizer que os sonhos são as razões, foi então que perguntei:
Meu senhor de onde tu eis o que faz com essa enxada e esse saco?
Ele disse meu filho venho de muito distante e muita coisa eu sei
Por exemplo, sei o porquê que você anda sofrendo tanto,
Eu sei por que o mundo anda cada dia pior do que o que pensei
É o mau do desengano, que engana, e acaba com todos nós.

Eu pedi que ele realmente me explicasse quem ele era
Ou se ele sabia de tudo, me falasse quem eu sou,
Mas o velho não dizia nada, era firme como uma pedra,
Então o tempo passava e nos dois mudando o que não mudou
O senhor levantou e disse que estava na hora de ir embora
Pois o que ele tinha pra fazer, ele já tinha feito, e complementou,
Disse-me o que eu não devia parar só porque por qualquer coisa
Que meus pés iam se fortificar e eu iria ajudar a outro que parou.

Eu agoniado queria uma coisa dele saber
Perguntei o que ele levava num saco e pra que aquela ferramenta
Ele disse que eu não devia saber antes do tempo me fazer entender,
Eu pedi; por favor, mata essa minha curiosidade ou ela aumenta,
Ele percebeu minha ânsia e disse vou lhe dizer,
A enxada serve para eu limpar meu caminho e desenterrar vidas
Vidas que por medo não quis saber, mas hoje posso viver,
E no saco eu guardo os sonhos, sem eles a vida fica difícil de se agüentar,
Sem os sonhos nós não teríamos nenhuma razão pra se viver.

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