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terça-feira, 15 de junho de 2010

Ao amigo ‘Presente’.

Ele estava ali. Firme, frio e um pouco mal ajustado, mas estava em seu momento de glória, assim como eu estive um dia. Seus braços - que braços?- Segurava todo momento o peso insuportável do tempo. E por mais que fosse cansativo ele não reclamava, apenas resmungava baixinho, baixinho, como uma simples tartaruguinha grita sem ter voz ao seu devorada por terrível e necessitado jacaré calculista.

É de verdade eu vos digo; ele ainda estava ali mesmo após a chuva de ontem ter
encharcado todo o terreno. Mesmo em meio a tanta inquietação e instabilidade, ele estava ali com suas pernas, - que pernas?- nada parecia lhe atingir. Sua coragem era tão grande que mais parecia ser um universo perdido. Ele brilhava.

Por onde passava fazia valer sua veracidade. Sua calma era água em movimento, sua face eram flores recém brotadas – diversas-, e também, ele expôs suas carências. Ele era tudo o que tocava, mas ao mesmo tempo era levado facilmente pelo vento. E o que ele mais queria era realmente, entender o silêncio.

Ele estava ali, na minha frente com seu sorriso franco. Seus olhos me cegavam e me seduziam. Seus cabelos flutuavam com uma delicadeza jamais vista, nem citada.

E o silêncio assim como o verme que tira a esperança mesmo de uma carne já morta, estava em tudo, e era tudo. E ele ali gritando, nem sequer se ouvia. E os ventos passando, e cada vez mais passando.


José Borges.

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